Cibele é uma deusa de muitos nomes, como “Cybele”, “Grande Deusa da Frígia”, “Mãe do Ida”, “Agdistis”, “Berecíntia”, “Reia”, “Grande Mãe dos Deuses”, “Grande Mãe”, “Magna Mater”, entre outros. Essa diversidade de nomes para se referir, a princípio, à mesma deusa, deve-se a séculos de adoração e culto à Cibele, onde a crença associada à sua imagem foi passada não só entre gerações, mas, também, entre culturas e diferentes civilizações. Como forma de adoração, uma pedra, supostamente caída do céu, serviu para personificar a imagem de Cibele, sendo cultuada em diferentes templos ao longo dos anos, conforme uma civilização era dominada por outra. Nesse contexto histórico, um provável meteorito representou Cibele, assim como uma “chuva de pedras” assustou os romanos, recorrendo à deusa com um pedido de ajuda contra a invasão de Aníbal. Para saber mais sobre essa fascinante história, embarque em mais um episódio da série Meteoritos na História!
Onde Nasceu a Deusa Cibele?
O culto à deusa Cibele teve início na região centro-oeste da antiga Ásia Menor, mais precisamente em Frígia, localizada a sudeste das ruínas de Troia e noroeste da Turquia (antigo reino da Anatólia), entre os séculos XII e VII a.C. A Terra do lendário Rei Midas, que ganhou do deus grego Dionísio o poder de transformar tudo que tocava em ouro, teve como capital a cidade Górdio e sua cultura foi marcada por um misto dos elementos das regiões de Anatólia, Grécia e Oriente Próximo.
Cibele era uma deusa primordial da natureza, mas também estava associada às atividades defensivas para proteção, sendo tipicamente representada com uma coroa e um par de leões ao seu lado. Seu culto era universal na região, tendo sua imagem cunhada na maioria das moedas e um templo construído na cidade de Pessino, por ordem do Rei Midas I (Rei da Frígia, diferente do lendário Rei Midas). Foi nesta cidade que nasceu a crença de que a imagem sagrada da deusa Cibele havia caído do céu (Pinto, 1952).
Além do seu nome Cibele, a deusa também teve nomes alternativos ligados às formações montanhosas da Frígia, como o Monte Ida, Monte Agdistis e o Monte Berecinto, que lhe deram os nomes de “Mãe do Ida”, Agdistis e Berecíntia. As formas anteriores de seu nome em Anatólia incluíam o nome frígio Kubileya e o lídio Kybebe, sendo a Lídia a parte ocidental da Anatólia.
Os sacerdotes eunucos de Cibele eram chamados de Galli, provavelmente devido ao Rio Gallus, um afluente do antigo Rio Sangários, na Frígia. Esses padres praticavam a autocastração, cujo ritual, descrito por vários autores como selvagens, orgiásticos e barulhentos, devia-se à lenda de que Attis, filho e amante de Cibele, havia se mutilado após a fúria da deusa ao descobrir que ele se apaixonou e casou com outra mulher. Como também descrito no livro Caso Contra os Pagãos (Case Against the Pagans), de Arnóbio de Sica (255 – 330 d.C.), um dos primeiros escritores cristãos, os Galli costumavam se vestir e se comportar como mulher, tentando ser o mais feminino possível. Quando a adoração de Cibele é incorporada à cultura romana, um festival chamado Dies Sanguinis (Dia do Sangue) começou a ser realizado nos meses de março pelos seus sacerdotes, onde eles se cortavam e bebiam esse sangue sacrificial para propiciar a divindade. Como Roma proibia seus cidadãos de promovem a autocastração, com o tempo, os Galli eram todos não cidadãos romanos.
Cibele no Império Macedônico
Macedônia era um antigo reino centrado na parte nordeste da península grega. Os macedônios, de ascendência grega, ocupavam originalmente o norte da Grécia, porém fortaleceram-se econômica e militarmente, conquistando todo o território grego, como as cidades-Estado de Atenas e Tebas, sob liderança do Rei da Macedônia, Filipe II (382 a.C. – 336 a.C.). Porém, Alexandre, o Grande (356 a.C. – 323 a.C.) assume o poder após o assassinato de seu pai em 336 a.C. Em pouco mais de uma década de reinado, Alexandre expande o Império Macedônico para além das fronteiras da Macedônia, anexando as regiões da Grécia Balcânica, a Ásia Menor, a Fenícia, a Palestina, a Mesopotâmia, o Egito, a Pérsia e parte da Índia.
O Império Macedônico (359 a.C. – 31 a.C.), através da liderança de Alexandre, o Grande, que fora aluno do filósofo grego Aristóteles, tornou-se o império mais poderoso do mundo e inaugurou o período helenístico da civilização grega antiga. Diante da conquista de territórios como o Egito e o Império Persa, a fusão cultural entre a cultura helênica (grega) com a do Oriente Médio foi inevitável, onde um dos polos da difusão desta civilização helenística foi a cidade de Alexandria, fundada por Alexandre, no Egito. Alexandria tornou-se conhecida pela sua grandiosa biblioteca, que abrigava mais de 400 mil obras, incluindo Arte, Ciência e Filosofia. O fim desse vasto império ocorreu apenas quando caiu sob o domínio romano no ano 31 a.C.
Durante seu período de dominação e conquistas, Alexandre, após estabelecer domínio completo sobre a Grécia, dirigiu-se à Ásia Menor, onde existiam regiões de adoração à deusa Cibele. Assim, os gregos, que posteriormente se estabeleceram na Ásia, identificaram a deusa asiática com a mãe de todos os deuses gregos, a titânide Reia, cuja adoração já estavam familiarizados há muito tempo. Sua primeira aparição na Grécia foi no século V a.C., onde uma antiga construção em Atenas, que abrigava o conselho da cidade, foi transformada no templo Metroon, dedicado à deusa-mãe Cibele.
Na mitologia grega, Cibele seria uma encarnação de Reia, filha de Urano (deus do céu) e de Gaia (a Terra). O famoso poeta grego Hesíodo (~ século VIII a.C.) narrou em sua obra clássica, chamada Teogonia, o surgimento dos titãs, onde Gaia teria gerado sozinha Urano, que por sua vez casou-se com sua mãe e desta união gerou 12 titãs (ancestrais dos futuros deuses olímpicos), incluindo Reia e Cronos (deus do tempo). Seis filhos foram gerados da união dos irmãos Reia e Cronos, entre eles os mais famosos Hades, Poseidon e Zeus, o mais novo e nascido no Monte Ida da ilha de Creta. Após Reia salvar Zeus de ser devorado por seu pai quando bebê, como Cronos fez com seus outros filhos, ao crescer, Zeus salvou seus irmãos, baniu os titãs para o submundo e destronou o deus do tempo, tornando-se o senhor do céu e divindade suprema da terceira geração de deuses da mitologia grega. Por esta razão, Reia, agora Cibele, era considerada pelos gregos a Grande Mãe, ou seja, mãe de todos os deuses.
Cibele no Império Romano
O Império Macedônico começou a ruir quando a República de Roma decidiu ter o controle territorial e político da região, sendo assim travadas as Guerras Macedônicas por mais de um século (214 – 148 a.C.). Tradicionalmente, as Guerras Macedônicas incluem quatro guerras contra o Reino da Macedônia, uma guerra contra o Império Selêucida (fundado por Seleuco I, um dos generais de Alexandre, o Grande, após sua morte, na região da Babilônia) e uma guerra menor contra a Liga Aqueia (uma confederação de cidades-Estado da Acaia, região costeira a norte do Peloponeso, na Antiga Grécia). Esta última é frequentemente considerada como a fase final da guerra dos romanos contra a Macedônia. A Batalha de Corinto, uma das cidades gregas da Liga Aqueia, resultou na sua destruição completa em 146 a.C., marcando definitivamente o início da dominação romana na história grega.
A partir desta dominação, nasceu a cultura que conhecemos como Greco-Romana, no qual boa parte da cultura grega foi assimilada pela sociedade romana. Isto se deve, principalmente, pela admiração e ambição que o povo de Roma tinha pela cultura, literatura e arte da região grega, levando assim a um processo de aculturação. Dessa maneira, ocorreram adaptações da cultura helenística vinda da Grécia dentro da cultura romana, misturando conhecimentos, tradições, costumes e religião. Durante esse processo, as mitologias gregas e romanas se fundiram, onde quase todos os deuses romanos possuem seus correlatos gregos. Assim, sob essa influência grega, os deuses romanos se tornaram mais humanos, exibindo características diversas como ciúme, amor e ódio, tornando Cibele não apenas a mãe dos deuses, mas, também, a mãe universal de todos os seres humanos, animais e plantas. Referida como Magna Mater, ou Grande Mãe, ela era a personificação da Mãe Terra. Mesmo não havendo grande culto à Cibele entre os gregos, em Roma a deusa era bastante popular, embora os cultos fossem proibidos, pois os líderes romanos se sentiam ameaçados com seu poder.
A fim de estabelecer sua supremacia na bacia mediterrânea, nesse mesmo período, Roma também travava disputas com a República Cartaginesa, que ficou conhecida como Guerras Púnicas (264 a.C – 146 a.C.). No mesmo ano em que a Grécia sucumbiu a Roma, em 146 a.C., ocorreu a destruição de Cartago pelo exército romano no fim da Terceira Guerra Púnica. A civilização cartaginesa, ou civilização púnica, foi uma das maiores potências comerciais e militares do seu tempo entre o fim do século IX a.C. e meados do século II a.C. Cartago, a cidade que lhe deu o nome, foi fundada pelos fenícios na costa do golfo de Tunes, no norte da África. Uma das figuras que mais se destacou nas Guerras Púnicas foi o general e estadista cartaginês, Aníbal Barca.
Aníbal e seu exército, no qual incluíam dezenas de elefantes de guerra e mais de 20 mil homens, partiram da Hispânia (Península Ibérica durante a Roma Antiga) e, ao invés de seguir pelo mar, utilizaram uma inesperada rota de ataque, atravessando as cordilheiras dos Pireneus e os Alpes, com o objetivo de conquistar o norte da Itália. Desde sua travessia pelos Alpes, Aníbal ocupava seu lugar na Itália há mais de uma década, mesmo com suprimentos escassos, ameaçando assim a existência do Estado romano. Foi neste contexto que a deusa Cibele exerceu forte influência sob o povo, inclusive sob o Senado romano.
Cibele “salva” Roma dos Exércitos de Aníbal
Tito Lívio (59 a.C. – 17 d.C.) foi um importante historiador romano durante a Roma antiga, nascido em Pádua, na Itália. Mesmo de origem humilde, sua habilidade para a escrita o fez adquirir grande prestígio junto a Augusto, imperador de Roma depois do assassinato de Julio César. A sua principal obra literária, e de grande importância para a história da humanidade, foi Ab Urbe Condita Libri, frequentemente referida como História de Roma desde a sua Fundação. Esta obra, na qual Lívio começou a escrever por volta de 27 a.C., era composta originalmente de 142 livros, porém restaram apenas 35, tornando-se uma das principais fontes históricas para o estudo da Roma Antiga desde sua Monarquia, República até a fase inicial do Império. Nessas obras são relatadas as conquistas romanas da Grécia, da Macedônia, além da Segunda Guerra Púnica (218 a.C. – 202 a.C.) contra os cartagineses de Aníbal.
Em seus relatos, Lívio narra a história de como o culto à deusa Cibele foi transferido para Roma, em circunstâncias históricas de guerra, descrevendo sua importância para os romanos e considerando como sagrada a pedra que a representava. O culto à Cibele chegou à Roma por volta do final do século III a.C., porém a “pedra sagrada”, utilizada para seu culto em Pessino, chegou apenas no início do século II a.C. A história detalhada da transferência da pedra é fornecida por diversos escritores em termos variados, onde alguns contam de maneira poética o momento histórico e outros relatam de forma mais tradicional.
Assim, como descrito por Lívio, Aníbal desde sua chegada à Itália, mesmo não tendo invadido Roma, ameaçava os romanos, pois havia vencido algumas batalhas durante a Segunda Guerra Púnica após sua travessia pelos Alpes. Nesse período, em 205 a.C., já não bastasse a constante ameaça da presença do general cartaginês em territórios romanos, uma chuva de pedras assustou e alarmou o povo de Roma. Diante desses fatos, os decênviros (magistrados com poderes para editar as leis romanas contidas na Lei das Doze Tábuas) consultaram os Livros Sibilinos, a fim de encontrar respostas de como enfrentar e combater o inimigo.
Os Livros Sibilinos eram três volumes de uma obra muito valorizada na antiguidade, pois continham previsões feitas por mulheres oraculares imortais, chamadas sibilas, como acreditavam os povos gregos e romanos. As dez sibilas, cujo significado acredita-se ser Concelho de Zeus, eram conhecidas pelos nomes de Cumas, Cime, Delfos, Eritréia, Helesponto, Líbia, Pérsia, Frígia, Samos e Tibur. Como descreve Fisher (2006), a princípio, havia nove rolos de profecias. A sibila de Cumas os ofereceu ao sétimo e último rei lendário de Roma, Tarquínio de Prisco (616 a.C.- 579 a.C.). Este se recusou a comprá-los duas vezes e, a cada recusa, a Sibila queimava três rolos. Finalmente, Tarquínio comprou os três restantes pelo preço dos nove, sendo estes mantidos em Roma durante séculos como “textos sagrados”.
Ao consultarem os Livros Sibilinos, os decênviros encontraram certos versos nos livros proféticos, que se conectavam com aquele momento em que Roma vivia, e logo relataram ao Senado a descoberta. Os versos diziam que: se um inimigo estrangeiro levasse a guerra até as terras da Itália, ele poderia ser derrotado e expulso, caso a “Mae de Ida” (Cibele) fosse trazida de Pessino para Roma.
Segundo McBeath & Gheorghe (2005), os relados de Lívio, Heródio e Arnóbio afirmavam que a profecia sibilina foi confirmada pelo Oráculo de Delfos, localizado dentro do Templo do deus Apolo, na antiga cidade grega de Delfos. O Oráculo de Delfos recebia visitas não só de figuras importantes, como Alexandre, o Grande, mas também de cidadãos comuns e embaixadores que buscavam por conselhos, tanto para problemas pessoais quanto para grandes e complexas questões políticas e de relações exteriores. Assim, embaixadores foram enviados de Roma até o Oráculo e lá descobriram que a Magna Mater (Cibele) deveria ser procurada através do Rei Átalo, da Frígia, e que depois deveria ser recebida em Roma.
De acordo com as orientações do Oráculo, o Senado começou a considerar como transportar a deusa para Roma, enviando cinco nobres como embaixadores romanos à Pérgamo, na Frígia, que foram bem recebidos pelo Rei Átalo. Porém, diferente do relato de Lívio, que diz que o rei ficou feliz em dar a “pedra sagrada” aos romanos, Ovídio afirma em sua obra que o rei inicialmente recusou o pedido, contudo, após um terremoto assolar regiões na Frígia, o rei entendeu que a deusa Cibele estava pedindo para ser enviada à Roma.
Assim, a “pedra sagrada” de Pessino, que representava a Magna Mater, foi levada por terra e depois pelo mar, com um navio especialmente construído para seu transporte, até chegar à Roma na primavera de 204 a.C. Enquanto era transportada para Roma, uma nova “mensagem” vinda do céu assustou os romanos. Como descreve Newton (1897), um meteoro brilhante cruzou a Itália de leste a oeste, um pouco ao sul de Roma, e uma forte detonação se seguiu. Disto, ou de algum outro meteoro, outra chuva de pedras caiu. Devido a este episódio, foram ordenados nove dias de exercícios religiosos.
Quando a “pedra sagrada” chegou através do Rio Tibre, o terceiro rio mais longo da Itália, a cidade inteira saiu às ruas para encontrar a deusa, inclusive cavaleiros e senadores romanos. Durante a passagem da pedra de Cibele pela cidade, ocorreu uma grande procissão, onde os cidadãos se revezavam para levar a pedra até o Templo da Vitória (onde guardavam os espólios de guerra das vitórias romanas), no Monte Palatino. Para lembrar e festejar a chegada da deusa, foi criado um festival chamado Megalésia, celebrado todos os anos entre os dias 4 e 10 de abril.
Com menos de um ano da chegada de Cibele à Roma, Aníbal e seu exército foi forçado a se retirar da Itália. Seu adversário romano, Públio Cornélio Cipião Africano (mais conhecido como Cipião Africano), que o vencera na batalha em Canas, mesmo após as sucessivas vitórias cartaginesas na Península Itálica, tinha agora invadido a África. O Senado cartaginês, diante da invasão romana em Cartago, enviou ordem de retorno para Aníbal, que sem alternativa regressou e foi posteriormente derrotado na Batalha de Zama (atual Tunísia), encerrando assim a Segunda Guerra Púnica em 202 a.C.
Como gratidão do povo pela libertação de Roma às ameaças do general Aníbal, um templo foi erguido para a deusa Cibele. O Templo da Magna Mater foi inaugurado em 11 de abril do ano 191 a.C., também no Monte Palatino. Nesse templo, foi construída uma estátua de prata, onde a pedra trazida de Pessino ficava no lugar que seria a cabeça, sendo esta imagem cultuada pelos romanos pelos próximos 500 anos. Os romanos, até então, não aceitavam cultos religiosos, porém o culto à Cibele acabou alcançando reconhecimento oficial durante o reinado do imperador Cláudio (10 a.C. – 54 d.C.), onde a deusa tornou-se, inclusive, a protetora dos soldados durante a guerra.
A “Pedra Sagrada” e sua Origem Meteorítica
A aparência física dessa “pedra sagrada” de Cibele foi descrita em diferentes obras, algumas até com séculos de diferença. Comumente, sua descrição era de uma rocha com forma cônica de cor marrom, parecendo um pedaço de lava. Assim como afirmam Newton (1897) e Pinto (1952) em seus trabalhos, alguns autores sobre história antiga também citam que em um momento desconhecido, durante o reino da Frígia, uma pedra de origem meteorítica caiu perto da cidade de Pessino, sendo levada para o Templo de Cibele. Outros autores mencionam que um meteorito preto foi levado da Ásia Menor para Roma em 204 a.C.
Infelizmente, os textos que sugeriam que ela havia caído do céu são relativamente atrasados, onde descrições mais detalhadas sobre a pedra e a adoração da Magna Mater são encontradas apenas em textos gregos e romanos, muitos anos após este evento. McBeath & Gheorghe (2005) transcreveram alguns trechos desses relatos feitos por diferentes autores da Roma Antiga, cujas traduções para a língua inglesa foram encontradas em diferentes trabalhos, como nos exemplos a seguir:
“Como certos prodígios terríveis enviados por Júpiter (Zeus, na mitologia grega) haviam aparecido em Roma, o decênviro que consultou os livros sibilinos disse que algo em breve cairia do céu em Pessino, na Frígia (onde a Mãe dos Deuses é adorada pelos frígios), que deveria ser trazida para Roma. Pouco tempo depois, chegou a notícia de que havia caído e a imagem da Deusa foi trazida à Roma, e ainda hoje eles se santificam para a Mãe dos Deuses no dia em que ela chegou.”
Apiano (Appian: 95 – 165 d.C.): Historiador romano, em sua obra, História Romana, apresentou uma sugestão clara e mais antiga de que a pedra que representava a Magna Mater era de origem meteorítica. Sobre os eventos de 204 a.C., ele escreveu [VII.IX.56 (White, 1912, pp. 390 – 393)].
“A história é que a estátua real da deusa caiu de Zeus, mas ninguém sabe do que é feita ou quem era o artesão, e eles dizem que não é de obra humana.”
Herodiano (Herodian: 170 – 240 d.C.): Historiador grego, em sua obra, História do Império Romano desde a morte de Marco Aurélio, diz que a pedra caiu do céu há muito tempo e foi encontrada pela primeira vez em Pessino, um local na Frígia. Em seus relatos, Herodiano usou o tempo grego diopetes, cujo significado literal é caído de Zeus. Uma vez que Zeus é o deus do céu, então o termo pode ser confortavelmente interpretado como um objeto que caiu do céu. Pela tradução livre de alguns dicionários on-line essa definição é diretamente dada. [I.11.1 (Whittaker, 1969, pp. 66 – 69)].
“… uma certa pedra de grande tamanho, que poderia ser carregada na mão de um homem sem exercer nenhuma pressão sobre ele, de cor escura, irregular, com algumas arestas projetadas, e que todos vemos hoje colocados naquela mesma imagem em vez de um rosto, áspero e sem cortes, dando à imagem um semblante de modo algum realista.”
Arnóbio de Sica (Arnobius of Sicca: 255 – 330 d.C.): Escritor romano, no seu livro, Caso Contra os Pagãos, relatou com precisão o que via na estátua de Cibele, com a pedra no lugar da cabeça, levando a crença de que a pedra sobreviveu até seu tempo. Ele cita [VII.49 (McCracken, 1949b, pp. 536 – 537)].
Infelizmente, não existem relatos sobre o que aconteceu com a estátua e a pedra, que representava o rosto de Cibele. Newton (1897) menciona que Rodolfo Lanciani (1845 – 1929 d.C.), um arqueólogo italiano pioneiro no estudo da topografia romana antiga, durante seus trabalhos de escavação no Monte Palatino, encontrou a região praticamente vazia. Contudo, um volume raro, com relatos de escavações em 1730, foi encontrado por ele em uma capela privada na mesma região, no qual, provavelmente, possa ser o último registro e descrição da “pedra sagrada” de Cibele. Dessa maneira, o autor do volume descreve:
“Sinto muito que nenhum fragmento de estátua, baixo-relevo ou inscrição tenha sido encontrado na capela, porque essa ausência de qualquer indicação positiva nos impede de determinar o nome da divindade a quem o local foi dedicado principalmente. O único objeto que descobri nela era uma pedra com quase um metro de altura, de forma cônica, de uma cor marrom profunda, muito parecida com um pedaço de lava e terminando em uma ponta afiada. não sei o que aconteceu com isso”.
Assim, fica evidente que o provável último registro da pedra de Pessino foi idêntico ao de outros autores, o que leva a crer que todos falavam da mesma pedra utilizada por séculos para adoração à deusa Cibele. Dificilmente teremos certeza de que ela era, de fato, um meteorito que caiu na Terra, mas através dos vários relatos, a crença de que realmente a pedra veio dos céus existe e torna essa incrível história ainda mais especial!
Leituras Complementares:
- Fischer, S. R. 2006. Lendo o futuro. História da leitura. São Paulo: Editora UNESP, 279-315.
- McBeath, A. & Gheorghe, A. D. 2005. Meteor beliefs project: Meteorite worship in the ancient Greek and Roman worlds. WGN, Journal of the International Meteor Organization, 33: 135-144.
- Newton, H. A. 1897. ART. I.–The Worship of Meteorites. American Journal of Science (1880-1910), 3(13): 1.
- Pinto, E. P. 1952. As religiões orientais e o paganismo romano. O culto de Cibele-Attis. Revista de História, 4(9): 79-87.
- Zucolotto, M. E. Breve histórico dos meteoritos brasileiros.
- Aventuras na História – Batalha de Canas
- Bryn Mawr Classical Review – Cybele, Attis and Related Cults
- Conhecimento Científico – Guerras Púnicas
- História Incrível – O Fim da Segunda Guerra Púnica
- InfoEscola – Roma Antiga
- Latdict – Diopetes
- Segredos do Mundo – Zeus
- Só História – Grécia Antiga
- The Ancient History Encyclopedia – Carthage
- The Ancient History Encyclopedia – Cybele
- Wikipédia – Cibele
Its superb as your other content : D, regards for putting up. “The art of love … is largely the art of persistence.” by Albert Ellis.
Magnífico relato, minucioso e autêntico, parabéns!
Sou Cibele e toda essa história me emocionou, e tem muito haver com a minha personalidade, com o planeta Urano que rege o meu signo Aquario, estou maravilhada com o poder de Cibele
Sou Sibele muito interessante a história nasci em 11de abril e fui registrada no dia 10
Gostei do que aprendizado